POESIAS


GUILHERME DANTAS nasceu a 25 de Junho de 1849 na Brava, veio para Portugal para frequentar a Escola Real de Mafra, que o seu pai foi encarregado de instalar e dirigir nos finais de 1855, tendo regressado a Cabo Verde em 1868. Morreu em 1888, tendo levado uma vida isolada e com grandes dificuldades financeiras.

No prefácio, Arnaldo França refere que em 1935, um ano antes da publicação da revista Claridade, José Lopes fez-lhe uma homenagem, inserindo na Vida Contemporânea um artigo sobre este poeta oitocentista, autor de "uma volumosa colecção de poesias a que dera o nome de Noites de Cabo Verde". Anos volvidos e após aturada investigação, Felix Monteiro teve a sorte de descobrir os inéditos de Guilherme Dantas, tendo encarregado Arnaldo França da sua organização para publicação.

À sua vida de privações não foi alheia "a truculência da sua pena que causticava os ridículos de uma medíocre sociedade colonial", salienta Arnaldo França, destacando na sua poesia "a obsessão da morte, a auto-flagelação psicológica, a contrariar a consciência nítida da sua superioridade intelectual... a voluntariedade da dor, a resignação passiva de só pelo sonho alcançar a realidade almejada", citando a propósito o poema Anelos:

Se és anjo que vem salvar-me
quero prostrado adorar-te!
Mas se não passas d'um sonho...
oh sonho! quero sonhar-te!...

Autor: Guilherme Dantas
Prefácio e organização: Arnaldo França

Editor: Instituto Caboverdiano do Livro e do Disco
Colecção: Documentos
Data da edição: 1996
Patrocínio: XI Feira do Livro Português

(fonte: Ernestina Santos)

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