"Nascidos de sangues cruzados, nossas cabeças e valores meio confusos, mestiços sempre balançando entre a senzala e o sobrado, neste o pé esquerdo, naquela o direito, assim vamos nós reivindicando avós brancos perdidos na bruma do passado, insistindo em desenterrá-los das cinzas de séculos, limando arestas, burilando qualidades, se foi criminoso vira nobre perseguido, se foi prostituta passa a virtuosa donzela; sobre os outros avós, os escravos, uma cortina de silêncio, instransponível reposteiro, qual quarto escuro que de tanto temer nem sequer mencionamos."
Este delicioso extracto dá-nos uma indicação do humor crítico com que Fátima Bettencourt analisa nestas crónicas os factos e acções do dia a dia da vida nas ilhas cabo-verdianas.
Segundo a autora, são crónicas que apareceram em diversos jornais, como A Semana, Novo Jornal de Cabo Verde e Horizonte, e revistas, como Artiletra e Cultura, bem como no Suplemento Açoriano da Cultura, sendo umas fruto da observação directa da vida, outras de simples reflexão e outras ainda "do riso, algum", que confessa ter descoberto "no fundo da indignação que é, na maior parte dos casos, a alavanca da pena" que manuseou.
FÁTIMA BETTENCOURT desempenhou, a par da docência do ensino preparatório, diversas actividades paralelas, entre elas locutora e produtora de programas radiofónicos e escritora de contos e artigos, tendo ainda participado na preparação de livros didácticos para o ensino.
Autor: Fátima Bettencourt
Editor: Instituto da Biblioteca Nacional (Praia)
Ano de edição: 2001
Patrocínio: Fundo Autónomo para Iniciativas Culturais (FAIC)
(fonte: Ernestina Santos)
Patrocínio: Fundo Autónomo para Iniciativas Culturais (FAIC)
(fonte: Ernestina Santos)
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