AS MÁSCARAS POÉTICAS DE JORGE BARBOSA E A MUNDIVIDÊNCIA CABO-VERDIANA


Ao primeiro impacte de leitura o que chama a atenção nos poemas de Jorge Barbosa é a simplicidade estilística, a transparência formal, um como que intencional despojamento de atavios na busca de imediata aderência da expressão ao conteúdo.
Na ilusória “falta de originalidade”, ligada a suposta intenção alienatória, que parece ter desgostado alguns jovens zoilos locais, ingenuamente idealistas, da década de 60, julgo descortinar, ao invés, a expressão flagrante da sua real originalidade. (As ondas e as espumas de das modas não lograram deformar ou erosinar a limpidez, a verdade poética que inspirou esse claridoso da primeira hora – as ondas foram de imediato levadas pelas marés, as espumas pelos ventos, mas o granito (o conteúdo ou a intenção) permaneceu intacto na sua perene nudez e pureza original.)

Elsa Rodrigues dos Santos soube abordar o Poeta na sua essência humana e filosófica denunciando, através da desmontagem dos múltiplos aspectos do discurso poético, toda a complexa realidade que se disfarça para lá do que nele não passa de enganadora aparência.
Esta apaixonante dissertação deixa-nos a convicção de que a obra do autor do Caderno de Um Ilhéu, revelando toda a sua autenticidade, impõe-se como um verdadeiro tratado poético da geografia humana de Cabo Verde. É que estas Máscaras Poéticas conduzem-nos à melhor informação do perfil literário do poeta no seu justo significado humano, social e sentimental; razão por que as considero um guia indispensável para quem queira realmente compreender e sentir em plenitude a obra deste notável poeta cabo-verdiano, meu saudoso amigo.
Manuel Lopes

Autor: Elsa Rodrigues dos Santos
Prefácio: Manuel Ferreira

Editor: Editorial Caminho
Ano de edição: 1989
ISBN: 972-210-422-5

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