DEMOGRAFIA CABOVERDEANA


(subsídios para o seu estudo)
(1807 / 1983)

O arquipélago de Cabo Verde foi achado em 1640, acerca de 14 anos após a descoberta da “Guiné” em 1446. Está situado a cerca de 455 quilómetros do continente africano, e a sua superfície total é estimada em 4.033km2. O nome deriva da circunstância de as ilhas suas componentes se localizarem defronte do Cabo Verde, próximo de Dacar. Compreende dois grupos:
- O de Sotavento, com Santiago, Maio, Fogo e Brava, e os ilhéus de Luís Carneiro, Sapado Grande e de Cima;
- O de Barlavento, com S. Antão, S. Vicente, S. Nicolau, Sal e Boa Vista; a de Santa Luzia, despovoada, e os ilhéus Raso e Branco, estes conhecidos, respectivamente, nos textos de Quinhentos, por “ilha Raza” e “ilha de Má Sombra”. As de S. Vicente e Sal foram conhecidas por “Desertas”, e só começaram a ser povoadas nos finais do século XVIII.
Poucas décadas após o achamento, deu-se a divisão do ponto de vista político-administrativo, passando a designar-se “Capitanis das ilhas de Cabo Verde e terra firme dos rios de Guiné”. Por terra firme entendia-se a Praça de Cacheu (1596) e Presídio de S. Cruz da Guínala (Buba). Os outros Presídios, de Geba, de Farim, de Ziguichor e de Bissau, foram criados já no século XVII.
O chefe da Capitania residia na ilha de Santiago, numa primeira fase na Ribeira Grande (ou Cidade Velha), e mais tarde (1779) na Vila da Praia de Santa Maria; e tinha sob a sua jurisdição (teórica) o capitão-mor de Cacheu e os capitães-cabos dos Presídios. Esta divisão perdurou de 1614 a 1879, data em que por Decreto de 18 de Março, foi instituído o Governo Autónomoda “Guiné”, ainda sem uma área definida de concreto, dado o desconhecimento do que constituía o interior. De jure a “Colónia da Guiné” surgiu em resultado do Acordo Luso-Francês de 12 de Maio de 1886. Deu-se deste modo a constituição de dois governos distintos: o de Cabo Verde e o da “Guiné”.
O arquipélago começou a ser povoado em 1462, embora com alguma lentidão, para vir a tomar vulto consoante se foi intensificando o tráfico de escravos, designadamente, e com carácter clandestino, para as Antilhas (Ilha de S. Domingos), e mais tarde para o Brasil.

Autor: António Carreira

Editor: Instituto Caboverdeano do Livro
Ano de edição: 1985

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