CONTOS E FACTOS


Por considerar o presente trabalho “como necessário e útil às gerações presentes e futuras”, Fátima Bettencourt aceitou prefaciar este livro de crónicas de Mário Matos, lembrando que o viu pela primeira vez no palco do Éden Park na representação de uma peça teatral. Segundo afirma, são “subsídios para a história de São Vicente”, “páginas de história duma cidade com história” pois os textos têm o dom de trazer “as memórias antigas de São Vicente / Mindelo com a mais valia do registo e fixação de um património que contém aspectos determinantes para a evolução da ilha e cidade e a compreensão dos seus habitantes”.
Fátima Bettencourt refere a oportunidade do aparecimento deste livro no final do século e do milénio pois, “apesar dos altos e baixos por que passou esta ilha / cidade”, foi o berço da Claridade, anfitriã de homenagem dos três maiores poetas de então, (Januário Leite, Eugénio Tavares e José Lopes), terra natal da maior organização juvenil de todos os tempos nas ilhas (SOKOL’S), sede do primeiro liceu de Cabo Verde, onde Amílcar Cabral foi aluno brilhante e primeiro bolseiro, e berço da primeira Academia de Música (1899). Por isto e ainda pelas gentes que fazem parte integrante da baía, pela vivência própria nos arrabaldes e na cidade, pelas “labaredas líquidas que invadem os telhados” ao pôr do sol, pelos acordes de violão sempre presentes na noite morna e enluarada, pela piada oportuna e pelo riso fácil e acolhedor, que são factos presentes nas crónicas de Mário Matos, ela defende que deveria ter precedência no título a palavra “factos”.

Autor: Mário da Silva Matos

Edição de autor
Ano de edição: 1999

(fonte: Ernestina Santos)

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