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ANTOLOGIA TEMÁTICA DE POESIA AFRICANA 1


NA NOITE GRÁVIDA DE PUNHAIS

Cabo Verde / São Tomé e Príncipe
Guiné / Angola / Moçambique


A poesia africana de escrita portuguesa e crioula, sob o condicionamento da dominação colonialista, articula-se intimamente ao movimento de libertação nacional. Ela ritma o longo combate: negar a negação e realizar a emergência histórica dos povos. Utilizando o privilégio de serem investidos do verbo, os poetas da noite grávida de punhais exprimiram, até às suas derradeiras consequências, os sentimentos informulados que agitavam as massas, dominaram os elementos culturais de afirmação nacional através do grito, do canto e do apelo.
Autor de vários ensaios de carácter político e literário, Mário de Andrade, actualizando as suas obras anteriores, apresenta-nos o primeiro tomo de uma antologia de poesia africana que privilegia os temas, mas considera também as particularidades geográficas e a ordem cronológica.

Autor: Mário de Andrade

Editor: Instituto Caboverdiano do Livro
Ano de edição: 1980 (3ª)

(fonte: Bibliotecas Municipais de Lisboa – Palácio Galveias)

NO REINO DE CALIBAN


Antologia panorâmica da Poesia africana de expressão portuguesa I
Cabo Verde e Guiné-Bissau

Raras vezes um autor e uma obra terão estado desde o início e por definição destinados a tão íntima e lógica associação como, neste caso, Manuel Ferreira e No reino de Caliban.
Autor desde sempre profunda e exemplarmente vinculado ao estudo e divulgação da problemática cultural africana de expressão portuguesa; ele próprio favorecido por uma vivência pessoal africana de doze anos, responsável por algumas das melhores páginas da novelística cabo-verdiana (Hora di Bai, Terra trazida, Voz de prisão, aos quais haverá que acrescer o ensaio A aventura crioula), acreditamos não ser talvez errado, e muito menos audacioso, avançar que em Portugal e hoje, somente Manuel Ferreira seria capaz de cumprir a tarefa de organizar e apresentar um instrumento de cultura como este No reino de Caliban: Não será por acaso ter sido o autor, depois de 25 de Abril, convidado para reger, na Faculdade de letras de Lisboa, a recém criada disciplina de literatura africana de expressão portuguesa.
O que significa dizer que, cinco anos de trabalho, representam assim um sem número de dificuldades, decorrentes tanto da metodização e da responsabilidade inerentes à representação nominal, como da necessidade de reunir todos os autores que contribuem para a construção da poesia africana de língua portuguesa.
Carlos Monteiro dos Santos

Autores cabo-verdianos mencionados:

JORGE BARBOSA / MANUEL LOPES / OSVALDO ALCÂNTARA / PEDRO CORSINO AZEVEDO / ANTÓNIO NUNES / ARNALDO FRANÇA / GUILHERME ROCHETEAU / NUNO DE MIRANDA / TOMAZ MARTINS / AGUINALDO FONSECA / GABRIEL MARIANO / OVÍDIO MARTINS / ONÉSIMO SILVEIRA / TERÊNCIO ANAHORY / YOLANDA MORAZZO / CORSINO FORTES / ARMÉNIO VIEIRA / JORGE MIRANDA ALFAMA / MÁRIO FONSECA / OSWALDO OSÓRIO / ROLANDO VERA-CRUZ / JORGE PEDRO BARBOSA / VIRGÍLIO PIRES / ARMANDO LIMA JR. / DANTE MARIAO / SUKRATO / TACALHE / ANTÓNIO MENDES CARDOSO / DANIEL FILIPE / JOÃO VÁRIO / LUÍS ROMANO / TEOBALDO VIRGÍNIO / EUGÉNIO TAVARES / PEDRO CARDOSO / SÉRGIO FRUSONI / ARTUR VIEIRA.

Autor: Manuel Ferreira – Organização, selecção, prefácio e notas

Editor: Seara Nova
Ano de edição: 1975

(fonte: BMLx - Camões)

CÂNTICO DA MANHÃ FUTURA


BALTASAR LOPES da Silva (de seu nome poético OSVALDO ALCÂNTARA) que nasceu na ilha de S. Nicolau, a 23 de Abril de 1907, marca uma época na vida social e cultural cabo-verdiana. Partindo adolescente para Portugal, onde completou os estudos liceais, voltaria para Cabo Verde no início da década de 30, licenciado em Direito e Filologia Românica. Regressaria ainda a Lisboa, por mais dois anos, a fim de frequentar o estágio de ensino liceal cujo exame de estado concluiria com invulgar brilho e celebrada fama.
Professor do Liceu de S. Vicente, onde durante cerca de cinquenta anos exerceu o magistério, deixou a marca indelébel do seu saber e da sua personalidade em gerações e gerações de estudantes que unanimemente o elegem como o símbolo vivo da sua escola. A par do professorado, exerceu uma intensa advocacia, esta, como há bem pouco reconheceu, “mais solicitada pela necessidade de ser útil a uma larga percentagem desprotegida da população do que por intuitos profissionais que nunca verdadeiramente (o) impulsionaram”.
Filólogo distintíssimo, dedicou ao estudo da língua cabo-verdiana a profundidade dos seus conhecimentos e ergueu-lhe um monumento de investigação científica que é a monografia O Dialecto Crioulo de Cabo Verde.
Um dos fundadores, na década de 30, da revista de artes e letras Claridade, seria o seu principal animador no decorrer dos naos e distinguir-se-ia pela sua obra de ficcionista cujo ponto alto é o romance Chiquinho que, no dizer do prof. Jean-Michel Massa “reste encore la plus grande oeuvre romanesque de la literatura de cette jeune nation. C’est une sorte d’évidence rarement mise en doute”. O conjunto dos seus contos tem publicação anunciada para breve em colectânea intitulada Os Trabalhos e os Dias.
A obra poética de Baltasar Lopes, assinada desde sempre pelo nome literário de Osvaldo Alcântara, só agora se reúne em livro e comprova as lúcidas palavras que lhe dedicou Jaime de Figueiredo: “Uma atenta vigilância na captação de virtualidades emotivas pressentidas, do mesmo modo que a recuperação rememorativa de vivências, se conjugam na elaboração dessa poesia que ao cabo se cristaliza num estilo pessoal enriquecido pelo vasto conhecimento dos recursos vocabulares e o uso de uma imagística fortemente reveladora e elucidativa. Entre as solicitações de um espírito culturalmente exigente e a desperta disponibilidade às provocações circundantes, Osvaldo Alcântara nos mais conseguidos poemas dá-nos a vibração tensa de uma atitude integral ante o drama de todos os dias, numa forma expressiva de frequente tom augural, em que do fundo agnóstico ascende um grave ressonância humana”.

Autor: Osvaldo Alcântara

Editor: Banco de Cabo Verde
Ano de edição: 1986

(fonte: BMOeiras - Algés)